quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Na órbita do Planeta

Dia 10 de novembro, sábado. Duas semanas depois da decepção do TIM, foi a vez do Planeta Terra mostrar que tudo pode ser o extremo oposto. Shows pontuais, acesso tranqüilo para bares e banheiros, dois palcos simultâneos – o principal, ao ar livre, e o tal “indie stage”, em um galpão coberto -, tenda eletrônica e uma programação firmeza, focada em bandas dançantes e com tantos shows que um comia o começo do outro.

Já tinham rolado várias coisas quando chegamos, como os gringos do Tokyo Police Club e os nacionais Supercordas, Patu Fu e Instituto & B Negão, prestando um tributo à fase racional de Tim Maia. Entramos e fomos direto pro galpão do indie stage no meio da apresentação do Datarock. A coisa já tava pegando fogo, com a galera dançando e gritando. Mesmo conhecendo pouco, gostei do show dos caras. Foi uma grande salada de punk, new wave, Manchester do início do anos 90 e saborosos pastiches do indie convencional. O povo era convocado e participava a todo o momento. Quando rolaram “Sex me up”, “Princess” e “Fa-Fa-Fa” o miolo da frente ensandeceu e não tinha como parar de dançar. O palco era pequeno e o lugar dava o clima intimista de um inferninho em uma casa de show. Ficamos na cara da banda sem esforço.

Depois rolou um intervalo pra o próximo bloco de atrações e todo mundo resolveu zanzar no lado de fora. Assim, a galera inteira acabou se encontrando na muvuca e demos um role pra cerveja antes de colarmos pro palco principal pra sacar a Lily Allen. E não foi fácil quando a menina chegou mostrando sua rebeldia fofa. A belezinha ensaiava boca suja, degustava cigarros e goles de rum no palco; mas tudo era tão pueril... sei lá, ensolarado, alegre e ainda meio "girl power". É isso, Lily não passa de uma Spice Girl parida na ceninha londrina. Seu som se limitou a reggaes debochados e hip-hops de dar cáries. E não embalou mesmo. O povo ficou parado olhando pro palco, só menininhas e gays dançavam. Já estava bêbado e não parara de pedir pra gente sair daquele lixo pra guardar lugar no CSS. A maioria quis ficar, vai entender. Então fomos só eu e um amigo pro banheiro químico retocar a maquiagem pra saca a volta do Cansei de Ser Sexy ao país.

O som já estava rolando e chegamos na pilha, pulando feito loucos. “Licença” aqui, “licença” ali e pronto: estávamos a três metros do palco do indie stage. Após 18 meses sem tocar no país e queimar o filme no show zuado do TIM, em 2004, o CSS retornou como a principal atração nacional do evento e não decepcionou. A cozinha tava afinada e a Lovefoxxx arrepiou na frente. Com uma presença de palco à anos luz de pouco tempo atrás, estava vontade nas dancinhas e poses. Falou pouco com o público pra pular e cantar um hit atrás do outro. A galera ferveu. E eles ainda mandaram a nova "Lindja" e uma cover de “Pretended we’re dead”, do L7 – como meu amigo havia avisado antes. Enfim, foi uma puta apresentação.

Mas eu ainda sairia dali purificado. No final, Lovefoxxx mandou um mosh na galera em "Let's Make (And Listen to Death From Above)" e, de repente, vi meu grande fetiche sendo carregado pro meu lado. Diante da oportunidade única, não marquei. Tasquei a mão no seu peitinho. Uterere. A galera teve que me aguentar depois. Ô, se teve.

Eu, de braço em riste, preparo o bote

Já do lado de fora, encostamos em uma árvore pra dar risada e degustar o relaxante antes de pegar a última maratona. A turma tava breaca e ali ficou diverto, nem interessei logo de cara pra ver qual era a do Devo, no palco principal. Mas aquele som de fundo foi me fisgando aos poucos e quando dei por mim estava na frente do palco principal pulando sons que nunca tinha ouvido na vida. Foi do caralho, apresentação impecável; mesmo com o mar de caras perdidas do público. Eles seguraram a peteca com um puta som dançante e performances bem humoradas e cheias de passinhos. Nessa hora, achei a curitibana de braços tatuados que conheci no busão na ida e ficamos pirando juntos.

Depois de um tempo, resolvemos, com certa tristeza, deixar o Devo pra ver o Rapture no indie stage - que já tinha lá seus 15 ou 20 minutos de show. E, como uma benção, foi só botarmos o pé dentro do lugar que começou o baluarte discoeletrorock “House of the jealous lovers”. Enlouqueci, pulei tanto que derrubei metade da minha cerveja. O Rapture não deu trégua um minuto e botou todo mundo pra dançar. O palco cintilava luzes aleatórias e coloridas, era pista pura. Medalha de ouro pra eles, a melhor coisa do festival. Fiquei até o fim e ainda esperei até ter certeza que eles realmente não iam voltar pra um improvável segundo bis.

E pra completar, o Kasabian fechou a noite com mais um bom show. O vocalista convenceu e marcou presença emulando os primórdios do britpop, a lá Happy Monkeys e Stone Roses. Estava em casa. Pena que não saquei como deveria, a curitibana fez justiça às origens e mostrou-se uma mala. Acabei dando um perdido violento pra curtir o som direito e procurar o resto pessoal.

Fomos embora pouco antes do fim do show em estado de redenção, cheios de sorrisos e decretando aquilo tudo como a melhor balada musical de nossas vidas - batendo até o antológico Claro Que É Rock, em 2005. Já deixou saudade.

Pra quem não foi, ainda resta conferir os vídeos no
site.

6 comentários:

Anônimo disse...

"Pastiche"? Que coisa é essa? E reclamar de organizaçao de show e falta de banheiro é coisa de velho.

Anônimo disse...

pastiche é aquela com forma batida, que dá gosto de "já ouvi antes". tem gente que sabe usar. E meu, então acho que velho. Pra mim, em festival com trocentas bandas e que é preciso ficar quase todo o tempo em pé, organização e banheiro pra jogar a cerveja são essenciais. o tim foi foda demais.

Anônimo disse...

Nao tô falando que é ruim, eu também acho uma merda show sem organizaçao, e reclamo do banheiro. Mas é coisa de velho.

Anônimo disse...

até achei um fio branco no bigode esses dias...

Vinicius Aguiari, disse...

discussões a parte, belo texto maradona, só não entendi porquê tu quis ter os links retirados agora que deu um gás no brog....?

Anônimo disse...

valeu. então, tô reformatando a parada. num sei ainda, pode ser q eles voltem.