sábado, 8 de dezembro de 2007

Beatles embala universo adolescente


Se você fosse produtor de cinema, o que diria se alguém chegasse com tal proposta: fazer um musical jovem com músicas dos Beatles?

Mas não um simples musical. Algo que envolva os anos 60 em uma embalagem retrô modernosa e comercial - com pitadas de High School Musical e Grease. Entoe a alegria hippie e monte um aparado arranjo para narrar o "flower power", o desregramento, a rebeldia passional e até a ressaca ideológica no fim da década. Nisso tudo, claro, capitalize em cima da paixão pela banda e fisgue tanto a massa como a velha guarda e uma parcela do esnobe nicho alternativo.

Quem abraçou a idéia e bancou a produção e os milhões em direitos autorais (pro Michael Jackson?) foi a Sony Pictures. O resultado é o alucinógeno Across The Universe, dirigido por Julie Taymor, a mesma do filme Frida.

Pelo jeito, o roteiro é manjado e repleto de referencias à banda. O trailer insinua uma história de um bobo romance entre um jovem casal ambientado na revolução cultural sessentista, com cenas de protestos, guerra e referencias à cultura pop. Tudo em uma estética psicodélica, cheia de belos de efeitos visuais videoclipianos.

Fútil e descartável? Provavelmente. Mesmo assim, desce doce pros devotos menos céticos. Apesar de algumas versões lembrem Avril Lavigne, os atores cantam muito. Até Bono Vox, chato mór do rock e fã confesso dos Fab Four, faz uma ponta como o hipponga Dr. Robert e dá canja em uma versão de "I am the Walrus".

O ator que interpreta Jude, o protagonista, encontrou Paul McCartney certo dia e lhe perguntou o que tinha achado do filme. "Não tem o que não gostar. É tudo sobre mim!", disse o Senhor da melodia. E pior que deve ser mesmo. Não por acaso Jude é a cara do jovem Macca e a loirice de seu par na história, Lucy, remete à Linda McCartney.

Não sei como não fizeram isso antes. Deve ter sido o preço da proposta, que talvez só agora possa ser viável. Depois de Moulin Rouge e da febre com High School.., o gênero musical voltou às grandes produções americanas que dão lucro. E, à primeira vista, parece que o negócio é bem feitinho.

Já estreiou na gringa em setembro e chega ao país esse final de semana. Merecia bombar mesmo sendo uma merda.

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