segunda-feira, 26 de novembro de 2007

TIM Nunca Mais

Escolhida para a programação mais esperada do TIM Festival, a Arena do Anhembi, no 28 de outubro, acolheu um cast com alguns da comissão de frente do hype do rock, como Artic Monkeys e The Killers. E mesmo assim foi o pior evento de musica que fui na vida. Bateu todos os recordes de má organização: atrasos, fila pra cerveja, pra comer, pane no som, hegemonia de shows de merda e com aquele maldito espaço VIP na frente de toda a galera.

A coisa começou com o espalhafatoso Spank Rock, que, insosso, só conseguiu empolgar um pequeno miolinho na frente - que se animou mais pelo início do festival do que propriamente pelo som. Ao acúmulo de desorganização que veio depois somou-se a cagada que fiz de varar numa balada no dia anterior. O corpo era só o bagaço, tanto que fui pras bandas de trás no meio do show pra tentar tirar um cochilo rápido. Voltei em seguida pra ver o Hot Chip não pilhar a galera e passar quase despercebido, apesar de mostrar espasmos de empolgação, como em “Over and Over”. Ficaram marcados por esgotar a boa vontade do público com um intervalo de uns vinte minutos, por conta de uma pane do som.



A doce Björk tirou o amargo da noite

Depois, com mais um longo atraso, veio a Björk. Era o show que me interessava e foi, sem dúvida, o melhor da noite - até onde eu agüentei ver. Ela dançou, esguelou, mesclou hits e músicas novas, cantarolou cheia de ternura e surtou o público em catarses eletrônicas, contagiando até quem desconhecia o som. Na apoteose do final de "Hyper-ballad", surgiram raios caóticos em nossa direção e tudo virou uma grande rave. Com sua meiguice peculiar, intercalava “obricatos” depois dos aplausos a cada música: um dengo só. Como coadjuvante, ainda tinha um DJ com uma absurda parafernália eletrônica, que funcionava espalhando sensores sobre uma tela digital para gerar as batidas, e um grande coral/orquestra de islandesas que inseriam eventuais backs e arranjos de metais.

Pena que aquele não era o lugar ideal pra um show como o dela. A apresentação primava pelo detalhe. A performance, o figurino, os arranjos de palco, tudo era feito para ser vistos de perto, em teatros e clubes fechados. Ou seja, mesmo a melhor coisa do evento foi mal aproveitada. E pra ajudar, graças ao espaço VIP, assisti de longe pra caramba e tinha que ficar na ponta dos pés pra ver suas dancinhas e espirocadas. De qualquer jeito, foi tocante ver a presença de palco e vocal da mulher. Seu timbre único embalava melodias viscerais e a sensação de ouvi-la cantar foi algo meio etéreo. Lindo. Depois que acabou, já podia ir embora satisfeito.


Aproveitamos o intervalo pra embarcar na puta fila da cerveja. Enquanto esperávamos o goró, subiu ao palco a Juliette and the Licks. E mal começaram a tocar e já deu pra perceber que a coisa era sofrível. A banda tinha um rock tão mesquinhamente convencional que fiquei envergonhado, por eles. Juliette Lewis passou ridículo tentando compensar o som ruim pulando, berrando e abraçando os clichês mais caricatos do gênero. Um desastre, disparada a pior apresentação da noite.

Eu já estava bem acabado quando Arctic Monkeys subiram ao palco. Como a banda nunca me convenceu, não esperava nada. E foi batata: os moleques provaram que são fracos, limitados e que só mesmo quem acredita no Lúcio Ribeiro pode gostar daquilo. Fizeram um show morto, cheio de hits mas sem pegada. Alguns espinhentos ao redor não se agüentavam, gritavam e esperneavam, mas a real é que, pra gente de verdade, não dava pra empolgar - no máximo, em um grande hit ou outro. E só. Foi decepcionante até pra mim, que não tava nem aí.

E como o The Killers, a última atração, atrasou só três horas, resolvi que ganhava mais indo embora - pra dormir na minha cama e não no trabalho do dia seguinte. Quem ficou disse que foi bom e que os caras conseguiram salvar o festival junto com a Björk. É possível que eu até mudasse minha indiferença com a banda, mas pouco importa. Porque o que veio depois foi um Tsunami em qualquer lembrança do TIM.

Nenhum comentário: