terça-feira, 12 de abril de 2011

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Quem diria, sexta deu pega, sim. O Those Dancing Days abriu tocando direitinho e Lonely Dear surpreendeu roubando a cena com canções cheias de astral. Confesso que me entreti com a balada e não prestei a atenção devida na apresentação do cara. Mas, toda hora que parava para ouvir, ficava satisfeito. A Britta Persson subiu na mesa da Chopperia do Sesc pra acompanhar e as minas do Those ficaram do nosso lado de olhos grudados no palco.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Empunhando uma guitarra, Britta Persson usou só o acompanhamento de bateria e esporádicos fundinhos discretos pra esfregar a ferida agora há pouco, no primeiro dia da Invasão Sueca no Sesc Pompeia. Canta muito - uma mistura de Björk com Dolores O'Riordan, do Cramberries.

Trombei ela depois na saída e gastei o inglês pra confessar meus sentimentos. Nisso, aproveitei pra perguntar o nome da primeira das várias músicas novas que rolaram, que destoou do set de tão foda. Ela virou os olhinhos verdes pra cima, pensativa, e respondeu alguma coisa que não prestei atenção. Não ousei perguntar de novo.

Enfim, acabei ganhando um abraço cheio de timidez e uma dedicatória no CD. Não é bonita, longe disso. Mas fiquei instigado. Não só pela "amazing voice", como falei, mas principalmente pela terna sutileza no palco. Se for pra lembrar agora alguma melodia que possa te ajudar a entender melhor a coisa, arrisco a brittânica "In Or Out".

Agora tem o segundo tempo amanhã com Lonely Dear e Those Dancing Days, mas dificilmente dará pega.

Saca só um aperitivo do que foi com "Cliffhanger".

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Julian quer fazer você dançar

Alerta, mundinho indie: mais um stroke se aventura em carreira paralela. Depois do guitarrista Albert Hammond Jr. lançar dois discos solo - o ótimo "Yours to Keep" (2006) e "¿Cómo Te Llama?" (2008) -, do baixista Nikolai Fraiture criar o Nickel Eye e do baterista Fabrizio Moretti percorrer o mundo com o Little Joy, acompanhado de Binki Shapiro e Rodrigo Amarante, chegou a vez de Julian Casablancas pular a cerca para sentir os prazeres da solitária liberdade criativa.

O filho de guru da moda John Casablancas e frontman da banda-rei do tal "novo rock" acaba de divulgar em seu Myspace a primeira faixa de trabalho de seu álbum de estréia, batizado de "Phrazes for the Young". O single chama-se "11th Dimension" e surpreende pela ousadia. Julian arriscou na linha do synth pop dos anos 80 e corre o risco de ter parido um certeiro hit pras pistas.

Fã xiita da banda vai torcer o nariz horrorizado. Mas, como de longe não é o meu caso, assim que ouvi os primeiras batidas arregalei os olhos em um momento de agradável surpresa. É daquelas músicas que se percebe de cara que ficará melhor a cada ouvida. E já ouso sentenciar: eis aí uma pedra pop.


Melhor que a música só a arte da capa do disco, que, além da pose classuda, tem aquela saturação clássica de cores, como a usada no "Ziggy Stardust", do Bowie:
Segundo o site do cantor, "Phrazes for the Young" será lançando oficialmente em meados de outubro e o single de "11th Dimension" só sai em 2 de novembro. Nem precisa ser vidente pra saber que vai bombar entre os antenados.
Ah, álbum novo do Strokes? Só em 2010.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Para quem tem a nóia como ofício de vida, a mais remota possibilidade já é um fato consumado.

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

A invasão das suecas de franjinha

É, neguinho... Se você gosta de escandinavas com roupinha de boneca, prepare seu jaco mais estiloso e corra já garantir ingressos pra mais uma Invasão Sueca. O projeto, realizado pelo Coquetel Molotov em parceria com o Swedish Institute, chega ao seu quarto ano seguido trazendo artistas da terra do pop perfeito ao país.

Dono por dois anos consecutivos dos títulos de Melhor Show Internacional e Melhor Festival em enquete do Guia da Folha de S. Paulo, a Invasão já acumula no currículo alguns shows de classe da música sueca, como José Gonzalez, Shout Out Louds e Peter, Bjorn & John.

Nessa edição, a programação conta com Britta Persson, Lonely Dear e o grupo Those Dancing Days - com shows Fortaleza, Recife, São Paulo e Porto Alegre. Na capital paulista, as atrações se dividem em shows nos dias 24 e 25, no Sesp Pompeia.

O dia 24 é todo da meiguice nerd de Britta Person, que aporta pela primeira vez na América Latina. Misturando melodias redondas com letras sacadas sobre estorvos amorosos na base de muito mel na goela, Britta é um talento surgido direto do campus da Universidade de Vaxjo, onde estudou ciências e era assistente de laboratório. Não, o visual CDF não é só estilo.

Britta fez seus primeiros shows no campus e em clubes locais até chamar a atenção de artistas conterrâneos, como o roqueiro Kristofer Âström, que a ajudou a gravar seu ótimo primeiro disco, “Top Quality Bonés and a Litter Terrorist”, em 2006. Atolado na mais doce e assobiável melancolia, o álbum foi aplaudido pela crítica e estourou na Europa. Agora, a cantora vem ao Brasil para divulgar seu segundo disco, “Kill Hollywood Me”, lançado ano passado, em que mostra mais lamúrias do coração encapadas em arranjos bem acabados.

Já o dia 25 fecha em dose dupla. Primeiro com Lonely Dear, o disfarce do cantor, compositor e multi-instrumentista Emil Svanängen. Único cueca escalado, o cara chega para apresentar músicas embaladas ora por seqüenciadores, ora por um simples violão. Emil já lançou quatro discos nos últimos três anos, todos registrados em gravações caseiras de assombrosa qualidade.

Depois é a vez das franjinhas repicadas do Those Dancing Days embelezarem a noite. Formada por cinco suequinhas de fantasia indie (duas delas de tirar o chapéu), a banda comprova que o gênero feminino, por algum mistério divino, tem limitações com instrumentos musicais – a única que parece mesmo dominar a arte é a baterista, que, pra compensar, é disparado a mais derrubada do grupo. Mas isso não compromete o resultado, que emula direitinho o rock dançante moldado pelo Blondie há mais de 20 anos. Pop retrô com gatinhas no palco? Claro, obrigado.

O investimento pra cada dia de brincadeira são exorbitantes R$ 15, na meia entrada.

domingo, 5 de julho de 2009

Trio chumbrega prepara disco na surdina

Projetinho modesto à vista. Dave Grohl (Foo Fighters), Josh Homme (Queens Of The Stone Age) e John Paul Jones (ex-Led Zeppelin) estão se reunindo em um estúdio de Los Angeles para as gravações de um álbum secreto.

Dave já havia comentado durante uma entrevista à revista Mojo, em 2005, sobre a possiblidade de montar uma banda com Josh na guitarra, John no baixo e ele voltando às origens nas baquetas. No mesmo ano, os dois amigos gravaram participações no disco "In Your Honor", do FF.

Parece que a coisa vai prestar, segundo a mulher de Homme, Brody Dalle. “Não posso falar sobre isso, mas acho que o projeto é bom pra caralho. Apenas batidas e sons que você nunca escutou antes”, confessou ao site AntiQuiet. Alguém duvida?

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Beck chama galera para regravar clássicos

Workaholic assumido, Beck não sabe ficar quieto e sempre tem uma guinada musical na manga. Agora sua nova empreitada é o projeto Record Club, para o qual está convidando amigos do ramo para gravar versões de álbuns clássicos em jams de apenas um dia de estúdio. Assim, de sopetão, sem ensaiar ou quebrar a cabeça em arranjos.

Entre os convocados estão Devendra Banhart, o duo MGMT, Jamie Lidell e o produtor musical Nigel Godrich (conhecido por trabalhos com o Radiohead e com o próprio Beck, no álbum "Sea Change").

O primeiro disco escolhido para iniciar a façanha dispensa comentários: "Velvet Undergroud & Nico", de 1967, o debute da banda de Lou Reed e John Cale patrocinado por Andy Warhol, com participação da cantora alemã Nico - quem nunca ouviu, por favor, crie vergonha na cara.

Os interessantes resultados das gravações estão sendo postados semanalmente desde o mês passado no site oficial do cantor. Ainda não se sabe quais serão os próximos discos a entrar na brincadeira, mas dizem que o essencial "Evol", do Sonic Youth, está entre os cogitados.

O cantor já prometeu que vai chamar outros camaradas para engordar as contribuições. Melhora esse time aí, Beck.

domingo, 28 de junho de 2009

O Rei está morto. O imortal Michael Jackson morreu nesta quinta-feira, dia 25, em Los Angeles. Sua Majestade tinha 50 anos e sofreu uma parada cardíaca em sua casa de férias, falecendo logo depois de chegar ao hospital UCLA Medical Center. Em meio século de vida, este senhor construiu uma das carreiras mais influentes da história e deixa a vida como o maior astro da música pop de todos os tempos.

Gênio absoluto, Michael criou o conceito de artista performático completo. Revolucionou a indústria da música ao reformular a pegada do R&B, com estilo próprio de cantar, figurinos extravagantes e antológicos passos de dança. Por outro lado, teve a vida pessoal conturvada pela fama, perseguição midiática, bizarras transformações físicas e denúncias de abuso de menores.

O Rei do Pop nasceu no dia 29 de agosto de 1958, em uma família pobre da cidade Gary, no estado de Indiana, nos EUA. Já aos cinco anos, tomava sova do pai para ensaiar com seus irmãos no grupo Jackson Five. Seis anos depois, em 1969, quando o conjunto assinou contrato com a gravadora Motown, o caçula da família já despontava como líder e mais talentoso dos irmãos - era o ínico da fama, com clássicos como "I Want You Back", "ABC" e "I'll Be There". Na década seguinte, deu os primeiros passos para uma carreira solo paralela aos trabalhos com os irmãos, situação que manteve por muitos anos.

Em toda sua carreira, calcula-se que tenha vendido 750 milhões de discos. Em 1979, virou definitivamente astro mundial com o álbum "Off The Wall", sucesso embaldo pelos hits "Don't Stop 'Til You Get Enough" e "Rock with You". Mas chegou mesmo ao estrelado máximo com "Thriller" (1982), até hoje o disco mais vendido da história da música, com uma estimativa de 100 milhões de cópias em todo o mundo. De cara nova, narizinho empinado na plástica, emplacou as músicas "Thriller", "Billie Jean" e "Beat It" no topo das paradas do planeta e, de quebra, definiu a linguagem de video-clipe para sempre.

Nesse meio tempo, compos e gravou com várias celebridades o tema da campanha contra a fome na África "We Are The World", em 1985. No mesmo ano, decidiu investir na maior minha de ouro da música e comprou os direitos autorais dos Beatles, corroendo a amizade com Paul McCartney, que lhe havia rendido parcerias como "The girl is mine", em "Thriller".

Mais tarde, o ser reaparece de pele clara. Do nada. A culpa, segundo Michael, seria do tratamento da incurável vitiligo que o acometera, mas há quem acredite no ápice estravagante de astro que queria ser branco. Esquisito, como sansão sem madeixas, leite sem café, Michaal, branquelo, ainda trouxe vários outros sucessos no álbum "Bad" (1988) e conseguiu a marca de 25 milhões de cópias no mundo. Em 1992, lançou seu último disco de sucesso, "Dangerous", somando mais 30 milhões de cópias no currículo.

Daí pra frente, veio a decadência artística e pessoal. Em 1993 e 2005, foi acusado de abusar sexualmente de dois meninos, e os casos só saíram dos tribunais após acordos milionários. Em uma tentativa de abafar as acusasões de pedofilia, o astro chegou até a azular ainda mais o sangue, cansando-se com a princesa do rock
Lisa Marie Presley, em 1994. A união não durou nem dois anos. Depois tentou outro casamento excêntrico, agora com a enfermeira Debbie Rowe. com quem ficou oficialmente entre 1996 e 1999.

Para a surpresa de todos na época, o casal teve dois filhos, Prince Michael I e Paris Michael - só agora, com a morte do pai,
Rowe confessa que eles não foram concebidos pelo espírito santo, e sim por inseminação artificial com sémen de um doador anônimo. O cantor ainda teve um terceito herdeiro, Prince Michael II, gerado por uma mãe de aluguel que nunca foi revelada. Coisas de Michael.

Quebrado financeiramente e com a imagem arrasada, o cantor ainda lançou outros albúns para tentar saldar suas dívidas e reerguer a carreira, mas todos tiveram vendas muito abaixo da espectativa - "History: Past, Present and Future - Book I" (1995), "Invencible" (2001) e a coletânea "Number Ones" (2003). Ele também acabou vendendo muitos de seus bens e 50% do catálogo dos Beatles.

Trocando infância pela fama, Michael nunca amadureceu e mostrou-se nas últimas décadas um personagem frágil e abalado pela condição de astro eterno, cercado em um mundo de fantasias pra lá de pueris. A prova maior disso é a sua doentia mansão Neverland ("Terra do Nunca", em português, em alusão a Peter Pan), uma mistura de colossal rancho com parque de diversões e zoológico - que também teve uma boa parte leiloada.

Nos últimos tempos, vivia em reclusão quase absoluta e suas poucas aparições chocavam pelo estado cada vez mais deformado de sua aparência. Agora, com sua morte, como de costume, explode em todo o mundo a conciência súbita de sua incontestável contribuição. Michael sai da vida para virar simplismente uma divindade maioral, ao lado de Elvis Presley e John Lennon.

Veja abaixo a primeira vez em que o "moonwalk", seu
passo clássico, foi apresentado ao mundo, na festa de 25 anos da Motown, em 1983.

sábado, 6 de junho de 2009

Quem tem medo do Tetris?

Uns dos mais clássicos, populares e divertidos jogos eletrônicos de todos os tempos comemora hoje 25 anos de vida. Junto com Pac-man e Super Mario Bros, o Tetris forma o trio sagrado do vídeo-game. E, pra mim, ele é o mais foda dos três por ser simplesmente um quebra-cabeças dinâmico e infinito, que conquista sem apelo para gráficos, historinhas ou desenhos.

A pira é a agilidade de raciocínio para encaixar as variadas formas de “tretaminós” do melhor jeito possível. Nada mais que um exercício de organização geométrica e matemática. Falando assim parece algo medonho e estúpido, mas é genial de tão simples e pegajoso.

Esse ícone da cultura eletrônica foi desenvolvido na União Soviética, no período de 1984 a 1986, pelos engenheiros de informática do Centro de Computadores da Academia Russa das Ciências Alexey Pajitnov e Dmitry Pavlovsky e pelo estudante colegial Vadim Gerasimov, na época, com 16 anos.

“O jogo tem um tipo de espírito criativo ao invés da destruição que você encontra em jogos de tiro e na maioria dos outros títulos. Nele você cria algo”, compara Pajitnov. “Você pega o caos das peças caindo aleatoriamente e as coloca juntas em um tipo de ordem. Isso dá às pessoas um ótimo sentimento”, analisa o criador. Boto fé, Pajitnov. Boto fé.

Assim que alcançou os Estados Unidos, virou sucesso mundial e vendeu mais de 125 milhões de cópias desde seu lançamento. Novas versões seguem pipocando em todas as direções, com foco no mercado de computadores, celulares e consoles menores. “O desafio para nós é apenas continuar o crescimento da franquia”, diz o vice-presidente da divisão de aparelhos móveis da Electronic Arts, que detém os direitos exclusivos do jogo para a plataforma móvel.

Quem nunca passou horas quebrando a mente nesse jogo satanicamente hipnotizante? Eu já pirei muito, um vício agudo de ficar horas compenetrado, jogando uma partida atrás da outra, sempre na nóia de bater o recorde recém-batido - e socando o controle no chão quando não conseguia. E ali ficava até minha mãe decidir puxar a tomada.

domingo, 24 de maio de 2009

Sinceros e falsos

"O que é pior: a máquina de promoção por trás de um fenomemo declaradamente comercial como os Jonas Brothers ou a suposta ética indie de fenômeno-de-internet (sei...) do MGMT, na verdade a grande esperança branca da multinacional do entretenimento Sony para fisgar a garotada indie e 'contra o sistema'?

O que você prefere: o sonzinho abertamente limpo e cheirando a talco do McFly ou uma embusteira oportunista como Lily Allen (outro fenômeno-de-internet-sei...), a maior desproporção entre talento e sucesso do pop recente?

O que é mais honesto: as Spice Girls, que arrebentaram nos anos 90, bonitinhas, cantando canções compostas por caras experientes que nunca deram bola fora, ou a Mallu Magalhães, toda "ingênua" e "folk" (sei...), mas, ao mesmo tempo, colando sem pestanejar em qualquer logomarca que acene com um bom dinheirinho?"


Trechos de Álvaro Pereira Júnior alimentando dúvidas na coluna do "Escuta aqui" de 18 de maio de 2009, na Folha de S. Paulo.

sábado, 16 de maio de 2009

Oasis, cigarros e álcool

O temporal que caiu em São Paulo no início da noite de sábado, dia 9 de maio, bem que tentou mas não conseguiu abalar minha animação de ver mais um show do Oasis, definitivamente, a banda que fez a minha cabeça na adolescência. Foi sozinho, cheguei ensopado e saí com um sorriso de orelha à orelha.

Só quem acompanhou os caras desde os primórdios, em meados dos anos 90, sabe o quanto era dose saber que ali estava uma puta banda de rock, muito além de “Wonderwall”, e ainda ter que escutar escrotice alheia, daqueles que só conseguiam ver a arrogância crônica dos irmãos Noel e Liam Gallagher. Porque a nata do Oasis é o rock de carranca, movido a levadas nervosas de bateria e avalanches de guitarra afogando o vocal malandro e manhoso de Liam. E essa carranca, depois deles, ninguém conseguiu fazer melhor.

Na década passada, o Oasis surgiu incrementando receitas clássicas do rock às raves da Madchester - leia-se Happy Mondays e Stone Roses - e salvou o mundo pop da depressão pós-grunge. E naquele momento foram, sim, a melhor banda do mundo. E mais: viraram o século como o último grupo mainstream a ostentar uma atitude rock n´roll que se preze - posto que ainda detêm por pura falta de adversários. Alguns até tentaram entrar na mesma linha, seguindo aquela tríade básica do ramo, mas não tiveram virilidade pra passar dos primeiros passos, como o Libertines.

Hoje, 15 anos depois de
lançar o clássico disco “Definetely Maybe” (1994), o debute mais vendido da história da Inglaterra, o Oasis segue sobrevivendo aos inúmeros arranca-rabos internos e externos e ao estrondo mundial do duvidoso movimento do Novo Rock, do qual muitas bandas declaram ter o grupo como grande influência, como Kasabian e Arctic Monkeys.

O show
Foi com um certo a
traso que cheguei a Arena do Anhembi pra sacar ao vivo pela segunda vez os donos da comissão de frente do britpop, em seu quarto do show no Brasil. Enfrentei o toró com uma capa de chuva vagabunda e cheguei à estação como um pinto molhado. Peguei o metrô, dividi um taxi com uma galera e cheguei quando já tinham acabado o pior do temporal e a abertura do Cachorro Grande.

Só deu tem
po pra fumar um cigarro, tomar um copo de cerveja em um gole, reabastecê-lo mais uma vez e me embrenhar pela massa de 25 mil fãs, segundo a organização, que já estavam a postos muito antes de eu chegar. Infiltrei-me até onde deu, uns cem metros do palco, bem mais longe do que queria ficar. Diziam que a grade estava logo à frente, mas o palco ainda estava bem distante. Como sempre, culpa da maldita ala VIP.

Pontualmente às 22 horas, o Oasis entrou ao som da instrumental “Fuckin In The Bushes”, exatamente com a mesma trilha de fundo que os vi subir ao palco do Rock in Rio, há oito anos. Sem muita firula, eles já emendaram um bloco fulminante de rock, com “Rock Roll Star”, “Lyla”, “The Shock Of The Lightning” e “Cigarettes & Alco
hol”. Dois clássicos antigos e duas mais recentes. Todas redondas e energizadas, incendiando o ânimo da multidão.

“O que acontece entre a gente e a chuva em São Paulo?”, comentou Noel Gallagher quando a garoa voltou, lembrando o toró durante a apresentação na capital paulista em 2006. Mas pra não deixar aquele chuvisco esfriar ninguém, vieram mais duas pedradas com a raiva enxuta de “The Meaning Of Soul” e “To Be Where Theres Life”, que teve sua levada psicodélica elevada ao cubo. Depois veio “Masterplan” em um arranjo fiel, suave e crescente como deve ser, com Noel entoando a apoteose acompanhado pela massa do começo ao fim. Foi talvez o momento que eu mais berrei, contagiado pela nostalgia.

Com isso, já dava pra
perceber que os Gallaghers parecem ter achado a liga com a nova formação. Além dos já efetivos Gem Archer (guitarra) e Andy Bell (baixo), a banda conta com o novo baterista Chris Sharrock e o tecladista de apoio Jay Darlington, vulgo “Jesus” e culpado pela chuva segundo Noel. O sexteto funcionava coeso e dava acabamento fino tanto em baladas como nas pegadas mais vigorosas.

Logo em seguida, Liam reassumiu os vocais para comandar o contraste entre a meiga “Songbird” e dois dos melhores rocks do grupo, que vieram em seguida. Primeiro veio “Slide Away" e quase tive um treco. Assim que soou o solo de introdução, soltei um grito das entranhas e fiz burguesinhos à minha frente se encolherem de susto. Muito pegada. Depois foi a vez de “Morning Glory” surgir arrebatadora, como um soco na cara, fazendo reacender a massa, que pulou e gritou em coro o “weeeeell!” do refrão.

O show seguiu flutuando entre músicas do início da carreira e da safra atual, principalmente dos dois últimos álbuns, Don't Believe the Truth (2005) e Dig Out Your Soul (2008), que mostram um reencontro dos caras com as boas composições. Entre as novas, destacou-se de longe o vocal perfeito de Noel em “The Importance Of Being Idle”, que foi esgoelada por praticamente todo o público, de mãos em riste. Pra fechar o primeiro bloco, vieram, claro, o hino enfadonho “Wonderwall” e a sempre matadora “Supersonic”.

Com a pausa, resolvi sair da aglomeração de fãs estúpidos na frente para acompanhar o resto do show na ala de trás – porque onde estava a frescura era tão dominante que não rola esgolear nem acender cigarro sem perceber a reprovação ao redor. Neguinho quer ir em show de rock sem sentir cherinho de tabaco? Ah, não tem coisa mais triste que burguês deslocado. Os fãs atuais de Oasis são uma legião de manés pós-adolescentes. Boa parte das pessoas de onde estava eram casais de namorados, meninos classe média limpinhos, patricinhas perfumadas e até bombados.
Segui pras bandas do fundão pra aproveitar o bis regado a cigarros e álcool, e um pouco de espaço. Durante o caminho, Noel voltou ao palco pra mandar uma versão acústica surpreendentemente linda de “Don't Look Back In Anger”, que, desnecessário dizer, fez a Arena inteira cantar junto. E, já lá atrás, lembro que rolava a chatíssima “Falling Down” quando saía da fila do bar pra outra cerveja.

Não precisei andar muito pra perceber que a parte de trás era o antro dos remanescentes da velha guarda. Era outro ambiente, muito agradável. Estava tudo ali: a marofa de cigarros, roqueiros bebuns e gatas de mais de 20 anos. Foi um alívio, senti-me em casa com gente de verdade à minha volta e não demorei pra acender o careta e cantarolar animado. E, para completar o momento, Liam lembrou de mim e dedicou a próxima música “pro pessoal do fundão”. Toda a galera ali soltou um urro em gratidão instantânea antes de soar as primeiras notas de “Champagne Supernova”.
Não existia melhor lugar pra fechar a noite, como não havia melhor música pra fechar o show do que uma cover paulera de “I Am The Walrus”, dos Beatles. Foi lindo ver as gatinhas pulando frenéticas com seus cigarros e gorós em mãos. E foi assim que me despedi dos caras ao final: com as duas mãos pro alto, uma com a bituca e outra com um copo de cerveja. Justamente os símbolos que dão nome àquele hit desse grupo parido nos sujos e frios subúrbios de Manchester e que abriu caminho para a minha paixão por tudo que vem de lá.

sábado, 25 de abril de 2009

Seis e trinta e dois da manhã. Se o galo cantasse, eu berraria "The Ballad of El Godoo" de encontro só pra mostrar como gritar alguma coisa pode ser bonito e sangrento. Por hoje, a melhor banda que você ainda não ouviu: Big Star.

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Morre Marilyn Chambers

A estrela do clássico pornô “Behind the Green door” (1972) foi achada morta em sua casa, em Canyon Country, na noite do último domingo. A própria filha da atriz, de 17 anos, foi quem encontrou o corpo. A polícia de Los Angeles acha tudo muito estranho e ainda está investigando o caso.

Chambers, que antes de entrar para a sétima arte já era conhecida como garota-propaganda de sabonete, foi uma das primeiras do ramo a ganhar fama mundial. Chegou a tentar o sucesso no mundo da música, lançando o disco single "Benihana", em 1976. Depois tentou a política em 2006, quando foi candidata, vai vendo, a vice-presidente dos Estados Unidos na chapa do Partido da Escolha Pessoal.

Marilyn tinha 56 anos. Em sua carreira fez mais de 25 filmes e até hoje é lembrada como uma das mais gatas atrizes do cinema safado.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Santas Ceias

Homer divide o amendoim entre os fiéis

Elvis explica como faz a Ritchie Valens, Eddie Cochran e outros fundadores do bloco

Anakin, manguaçado, dá barraco na festinha do filho
Veja mais aqui.

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Radiohead resvala a perfeição em São Paulo

Quase duas semanas depois, ainda me arrepio com as lembranças do dia 22 de março, quando cerca de 30 mil pessoas de todas as partes do país lotaram a Chácara do Joquey, em São Paulo, para presenciar uns dos acontecimentos mais surreais que já se teve notícia por nossas humildes bandas latinas.

O festival Just a Fest, também realizado dois dias antes no Rio de Janeiro, escolheu aquela como a segunda data para presentear míseros mortais brasileiros com uma noite improvável. Como se não bastasse a proeza de trazer pela primeira vez ao Brasil a mais cultuada banda do universo pop contemporâneo, o Radiohead, o evento elevou o “cast” de atrações a patamares de sonho ao incluir mais dois shows pra lá de especiais para a abertura, com os cariocas Los Hermanos e o grupo alemão Kraftwerk.

Tudo bem que o Los Hermanos, o único grupo brasileiro de talento incontestável dessa década, faria o seu primeiro show depois de um “recesso” de dois anos, e que o Kraftwerk, considerado o pai da eletrônica, é uma entidade essencial para história da música. Mas o que importava mesmo é que ali, naquele pasto lamacento, seria o lugar onde veríamos o primeiro show do Radiohead de nossas vidas, em sua primeira turnê pela América Latina, no auge técnico e criativo, depois de conquistar um posto sagrado no rock em quase 20 anos de carreira.

A possibilidade de ver o quinteto de Oxford por aqui fez os fãs urrarem de felicidade e encherem-se de expectativa para o então já aclamado “show do ano”. Amigos vieram de longe para conferir, a mídia fez furor com a apresentação mais aguardada por toda uma geração de brasileiros. Caso houvesse alguma coisa errada, nossa decepção seria grande, muito grande.

Os cariocas
O Los Hermanos foi o primeiro a subir ao palco, ainda no fim da tarde. Fizeram um show despretensioso, alegre e festivo, digno de uma reunião de velhos amigos que só queriam aproveitar o momento. “Quanta gente, isso aqui tá lindo demais”, confessou uma hora Marcelo Camelo. “Viva a alegria!”, gritou Rodrigo Amarante confessando o astral.

Afinados como se a banda nunca tivessem parado e visivelmente emocionados por voltarem a tocar juntos e pela honra se serem os únicos brasileiros a participar da ocasião, eles fizeram um ótimo show. Os fanáticos fãs de sempre puderam matar a saudade esgoelando as 13 músicas do repertório, que alternou músicas todos os seus álbuns - só o equivocado primeiro disco foi, sabiamente, ignorado. Entre outras, rolaram “Todo Carnaval tem seu fim”, “Sentimental”, “Cara estranho”, “Último romance”, “O vento”, “Morena”, além de “Retrato pra Iá-Iá”, a melhor música brasileira já lançada nesse século, e até a francesa “Cher Antoine” (que, até a edição no Rio, nunca tinha sido tocada ao vivo).

Os alemães
O Kraftwerk veio em seguida mostrando que está longe de soar antiquado, mesmo mais de 30 anos depois de criar os pilares da música eletrônica. Pelo contrário. Armados de seus laptops, os integrantes não precisaram sair do lugar para "digitar" antigos clássicos e comprovar que ainda são vanguarda pura, principalmente no quesito espetáculo audiovisual. Foram tocados hinos como “The man-machine”, “Autobahn”, “The model”, “Radioactivity”, “Musique non stop” e “The robots” - quando foram literalmente substituídos por quatro robôs no palco.

Muitos ali não conheciam muito o trabalho do grupo e uma boa parte do público, inclusive eu, acompanhou em silêncio contemplativo, apenas deixando-se hipnotizar pela junção perfeita entre o som e as animações no palco e telões. O cenário enchia os olhos, bebendo tanto da estética retro como do design moderno.

Ao mesmo tempo, os alemães conseguiam superar a banalidade de um mero show eletrônico com requintes de intelectualidade, transpondo a música para os meandros da pira conceitual, usando a tecnologia para questionar a relação entre homem e máquina e afetando a platéia com o poder de uma bela obra de arte. Para quem teve um pouco de boa vontade, foi uma apresentação assustadoramente atual e cheia de sentido.

Os ingleses
Quando os membros do Kraftwerk se despediram, só uma angustiante espera nos separava do momento da verdade. Depois de um bom suspense, tubos verticais de luz se arrastaram das laterais até o meio do palco para formar o cenário da apresentação principal. O público, que começava a se espremer na linha frente, explodiu em gritos com o começo da preparação. Eu estava a menos de quinze metros do palco e a ficha começava a cair. Puta que pariu, ia começar o show do Radiohead.

De súbito, surgiu um som de introdução e as luzes finalmente se acenderam para decretar o início do show. O público inflamou em êxtase e não demorou para se formar um mar de celulares e câmeras fotográficas sobre minha cabeça. Vieram as primeiras batidas de “15 steps”, do novo disco, “In Rainbows” (2007), e eu só lembro que não parava de gritar. O vocal de Thom Yorke entrou totalmente abafado pela multidão. Logo Jonny Greenwood arpejou sua guitarra e abriu alas para os demais instrumentos encorpar a música de vez.
Do caralho.

Depois veio a delirante “There, there”, de “Hail to the Thief” (2003), e seus tambores mântricos. Meninas choravam, marmanjos berravam, todos os fiéis rezavam a missa em completa catarse. As luzes do cenário, um espetáculo à parte, explodiam acompanhando a pegada e transformava tudo em uma rave fantástica. Raios coloridos entravam direto em nossas mentes e não deixavam ninguém parar de pular.
Era só o começo.

O show seguiria por mais de duas horas com canções de toda a carreira da banda, tocadas com uma fidelidade espantosa às versões em estúdio. Foi uma verdadeira avalanche de hits, percorrendo tanto as fases roqueiras como as mais experimentais. Nenhum álbum ficou de fora do set, que contou com 26 músicas e três bis. Eu disse três bis.

Além de todas as músicas do novo disco, com destaque para “Weird fishes/Arpeggi”, “Jigsaw falling into place”, “Reckoner” e “Videotape”, também vieram “Climbing up the walls”,“Exit music (for a film)”, “Lucky”, “Pyramid song”, “Everything is in the right place”, "Idioteque", a belíssima “Talk show host” (da trilha do filme “Romeo + Juliet") e muitas outras.

Atualmente, nenhuma banda tem o poder de encanto e uma harmonia de palco tão natural como o Radiohead. Thom Yorke (vocais, guitarra, piano) cantava e tocava como nunca, dançava freneticamente e até arriscava uns "obricatos". Jonny Greenwood (guitarra) era o autista alucinado de sempre no lado direito. Ed O'Brien (guitarra) era contido, meticuloso e só sorrisos no lado esquerdo. Enquanto que, lá atrás, Colin Greenwood (baixo, sintetizador) e Phil Selway (bateria, percussão) completavam a cozinha mais inebriante do rock moderno.

O primeiro grande baque foi com
“Karma police”, quando o clássico disco “OK Computer” (1997) finalmente surgiu no set. Foi nela que presenciei um dos momentos mais vigorosos e arrepiantes da ocasião, quando todos urraram as próprias tripas venerando a redentora melodia no final da canção que embala a frase “for a minute there, I lost myself” (“Por um minuto lá, eu me perdi”). Nada mais conveniente.

Mas quando a banda tentou matar todo mundo do coração emendando dois de seus maiores hits, foi a vez do público virar protagonista e promover o auge da noite. Assim que acabou “Paranoid android”, a platéia, em estado de graça, resolveu continuar a música por conta própria em um coro emocionante. Thom Yorke saiu do protocolo pela única vez no show e acompanhou a multidão no violão improvisando um vocal indecifrável. Em seguida, bateu os acordes de “Fake plastic trees”, criando gritos de “puta que pariu” por toda a Chácara do Jockey.
Foi desnorteante, mágico, coisa de sonho.

Quando já não precisava provar mais nada, o Radiohead ainda mostrou que sabe usar seu cenário com simplicidade e beleza tocantes. Em “You and whose army”, Thom embalou seu ode anti-guerra com a cara enfiada em uma espécie de webcam que mais parecia querer engolir seu rosto. Sinistro e lindo. E, surpreendendo a todos depois de 25 músicas, a banda ainda voltou para o terceiro bis e fechou o absurdo tocando o seu primeiro sucesso, “Creep”, que raramente aparece em seus shows.

Depois disso, as pessoas andavam atordoadas, perturbadas, cambaleantes no caminho de casa, como que tivessem sofrido um curto no cérebro. Se alguém ousava falar alguma coisa, era pra dizer que aquilo estava entre as melhores experiências de sua vida. E só.

Confira abaixo o repertório completo:
PARTE 1: “15 step”, “There there”, “The national anthem”, “All I need”, “Pyramid song”, “Karma police”, “Nude”, “Weird fishes/ Arpeggi”, “The gloaming”, “Talk show host”, “Optimistic”, “Faust arp”, “Jigsaw falling into place”, "Idioteque", “Climbing up the walls”, “Exit music”, “Bodysnatchers” BIS 1: “Videotape”, “Paranoid android”, “Fake plastic trees” (substituiu “Wolf at the door” de última hora), “Lucky”, "Reckoner” BIS 2: “House of cards”, “You and whose army”, “Everything is in the right place” Bis 3: “Creep”

Veja
aqui os melhores momentos na transmissão do Multishow.

quinta-feira, 19 de março de 2009

For a minute there, I'll lost myself

Radiohead durante apresentação da turnê que chega ao Brasil nessa semana

Depois de muitos rumores, alarmes falsos e coitos interrompidos, a lenda de um show do Radiohead no Brasil vai, finalmente, virar realidade. Mesmo com a legião de latino-americanos doentes pela mais genial, influente e endeusada banda desde o Nirvana, Thom Yorke e Cia. nunca deram o ar da graça por aqui nesses 20 anos de lamúrias e inquietude estética do grupo.

O Radiohead desembarca no país para dois shows no festival Just a Fest - o primeiro no Rio de Janeiro, dia 20, e o segundo em São Paulo, dia 22. Na capital paulista, o show, já histórico antes mesmo de acontecer, será para cerca de 30 mil pessoas na Chácara do Jockey, mesmo local que recebeu Sonic Youth, Flaming Lips e Stooges, no Claro que é Rock, em 2005.

Para deixar a coisa ainda mais especial, a ocasião ainda terá aberturas de luxo, com apresentações dos papas do eletrônico, os alemães do Kraftwertk, e da banda nacional mais relevante da década, os finados Los Hermanos, que fazem uma volta relâmpago apenas para o festival.

Antes de chegar ao país, os ingleses estrearam sua turnê pela América Latina fazendo duas apresentações na Cidade do México, nos dias 15 e 16. Os repertórios dos shows deram a prévia do prato que será servido aos brasileiros, que poderão viajar por toda a obra do grupo em 25 músicas.

Além de praticamente todas as canções do excelente novo álbum “In Rainbows”, serão revividos os momentos áureos de “The Bends”, “OK Computer” e dos siameses “Kid A” e “Amnesiac”. Entre as músicas antigas que devem entrar no set brasileiro estão “Idioteque”, “Paranoid android”, “Pyramid song”, “National anthem”, “Everything in its right place”, “There, there”, "Airbag", "Fake Plastic Trees", "Karma Police" e, talvez, até "Creep". Ou seja, não vai prestar.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

"There she goes", pequeno grande hit do The La's, é uma saborosa maçaroca de Smiths com college rock que antecipa os acordes do britpop.

O grupo de Liverpool lançou um único disco em estúdio, mas foi o bastante para tascar esse mamão-com-açúcar pelas rádios do mundo no início dos anos 90, aliviando os ouvidos de quem não aguentava mais Axel Rose e seus uivos de gato no cio.

A classe britânica transborda já nas primeiras notas, mas é quando ecoa o falsete do refrão que se confirma o primor pop alcançado nesse clássico esquecido daquela virada de década.
Pura nata do Tchururu.

domingo, 28 de dezembro de 2008

A Vingança dos Baldes Chutados #327

Algum desavisado que chegue agora e veja esse pobre blog assim, abandonado por quase todo o ano, pode até pensar que em 2008 esse traste tenha, finalmente, jogado a toalha, resignado-se a virar mais um trabalhor de vida amena. Ah, mas não. Para a tristeza de minhas entranhas, não foi assim.

Estive ocupado. Notivaguei com as mãos por demais atadas a copos americanos e bitucas variadas para brincar de escrever. Precisei de tempo para alimentar paranóias e me inebriar em tragos secos. E, acima de tudo, dediquei-me fielmente à minha sagrada missão de degustar toda música que existe nesse mundo.

E mais. Graças à bondade dos amigos, até convites para discotecar na noite recebi - com alguns bons momentos, inclusive.

Por outro lado, o estimado pinto continuou apaixonado, acalentado pelas mulheres do reino da fantasia. Recatado, humilde. Trazendo-me, sempre que invocado pelas trombetas do ímpeto, o sorriso das torpes alegrias.

O caso é que tive pressa e não digeri. Depois, tive ressaca e não escrevi. Assim, sinto-me melhor culpando a rebordosa - e a querida preguiça - por meu descaso por cá. Porém faço agora, na última fagulha de vida do ano, uma luz de justiça.

2008 foi o ano que senti em definitivo o desvario da paulicéia e confirmei o valor de algumas amizades. Vi, ainda aos 25 anos, um Bob Dylan afogado na rouquidão conseguir desfigurar clássicos sem perder o encanto mitológico, e quase me fazer chorar. Comprovei a genialidade melódica de Josh Rouse - para mim e um amigo, dono do melhor show do ano. Testemunhei Jesus voltar à vida para abalar o Planeta Terra. Acompanhei Mallu Magalhães sair da condição de adorável e amadora ninfeta da internet para virar uma insuportável e ultra-explorada celebridade circense presa nas redes do mau gosto popular. Além de muitos outros shows, como sempre. E, para finalizar, chego ao fim de dezembro com um ingresso em mãos para a lendária apresentação nacional do Radiohead.

Não digo que o ano foi bom, muito menos ruim. Foi só mais um que se encerra com um rastro de baldes tombados. E, como troco, recebo de presente um estômago revirado pelos excessos, atacado por uma dor incógnita que vem esfaqueando minhas vísceras há tempos e, pelo jeito, acompanhar-me-á para além do reveillon. Muito compreensível e nada injusto.

Mas ventre podre não é nada. Difícil mesmo é ver mais de cem minutos de Anna Karina em Pierrot Le Fou sem passar mal do coração, como tentei fazer agora há pouco pela décima vez.
Quantos anos se passarão até que eu acorde desse sonho masoquista?