Foi pena preta pra todo lado

"Deu a lógica", como disse Rogério Ceni. O São Paulo deu baile nos gambás ontem no Morumbi e manteve o tabu de 12 jogos de fiel freguesia corinthiana. Com a nova vitória, o Tricolor não perde há quatro anos pra os rivais.

Foda, como as companhias pularam fora, acabei indo sozinho, na louca. Peguei uma lotação no Anhangabaú direto pro estádio e lá o bicho tava pegando mesmo, os homi dando geral total - se fosse de buzão, já era. Como a bilheteria estava fechada há tempos acabei comprando ingresso de cambista. Na hora de passar pra dentro, a catraca cuspiu meu ingresso de volta. Olhei pro fiscal na minha frente com cara de choro e ele só disse "é falso". Pronto, quase desabei no chão de desgosto. Já tinha gasto quase toda a grana na bagaça, só tinha uns trocados. O pior é que o cara que comprou com o mesmo cambista comigo passou sussa. Tentei enfiar a força, implorei pro cara me deixar entrar, mas nada, lógico. O jeito foi revender pra outro cambista alegando que tinha desistido do jogo. Deu certo. Comprei outro com os camaradas que encontrei da Independente, que me acolheram pra ir na massa com eles. Dessa vez a catrata engoliu e eu entrei berrando. Ajeitei o beg na cueca e fui pra arquibancada geral. Do caralho.

Bem, do jogo só é preciso dizer que foi show. Show. Depois de um começo audacioso, a Galinha abriu a cloaca e o um, dois, três, foi pra mostrar quem era o freguês. A dimensão do estádio e a cantoria impressionava. Meu, a tensão no estádio, de ambas as torcidas, em cada falta que o Rogério ia bater era absurda. Aquela angústia e "Huuuu!", quase. Mais tarde, depois de uma ajeitada de letra de Aloísio, o artilheiro Lenilson acertou uma bomba de fora da área no canto esquerdo de Marcelo, o goleiro desastre. Explosão na geral laranja! Eu nem não acreditava, foi demais da conta. Depois foi Ceni que acabou guardando o primeiro dele no ano de penalti - sofrido por Aloísio, o melhor em campo. Foi também o atacante que fez a jogada do terceiro gol no segundo tempo, quando cruzou pra Leandro, um guerreiro em campo, fazer de carrinho. A galera foi ao delírio. Daí foi zoar a galinhada na arquibancada oposta, gritar "olé" até ficar rouco e ver o verme Magrão, humilhado, ser expulso de campo depois de bicudar Leandro, que comandava o "olé". Foi tudo tão perfeito que fui embora antes do Corinthians diminuir o vexame com Wilson.
Obrigado, Morumbi.