domingo, 28 de dezembro de 2008

A Vingança dos Baldes Chutados #327

Algum desavisado que chegue agora e veja esse pobre blog assim, abandonado por quase todo o ano, pode até pensar que em 2008 esse traste tenha, finalmente, jogado a toalha, resignado-se a virar mais um trabalhor de vida amena. Ah, mas não. Para a tristeza de minhas entranhas, não foi assim.

Estive ocupado. Notivaguei com as mãos por demais atadas a copos americanos e bitucas variadas para brincar de escrever. Precisei de tempo para alimentar paranóias e me inebriar em tragos secos. E, acima de tudo, dediquei-me fielmente à minha sagrada missão de degustar toda música que existe nesse mundo.

E mais. Graças à bondade dos amigos, até convites para discotecar na noite recebi - com alguns bons momentos, inclusive.

Por outro lado, o estimado pinto continuou apaixonado, acalentado pelas mulheres do reino da fantasia. Recatado, humilde. Trazendo-me, sempre que invocado pelas trombetas do ímpeto, o sorriso das torpes alegrias.

O caso é que tive pressa e não digeri. Depois, tive ressaca e não escrevi. Assim, sinto-me melhor culpando a rebordosa - e a querida preguiça - por meu descaso por cá. Porém faço agora, na última fagulha de vida do ano, uma luz de justiça.

2008 foi o ano que senti em definitivo o desvario da paulicéia e confirmei o valor de algumas amizades. Vi, ainda aos 25 anos, um Bob Dylan afogado na rouquidão conseguir desfigurar clássicos sem perder o encanto mitológico, e quase me fazer chorar. Comprovei a genialidade melódica de Josh Rouse - para mim e um amigo, dono do melhor show do ano. Testemunhei Jesus voltar à vida para abalar o Planeta Terra. Acompanhei Mallu Magalhães sair da condição de adorável e amadora ninfeta da internet para virar uma insuportável e ultra-explorada celebridade circense presa nas redes do mau gosto popular. Além de muitos outros shows, como sempre. E, para finalizar, chego ao fim de dezembro com um ingresso em mãos para a lendária apresentação nacional do Radiohead.

Não digo que o ano foi bom, muito menos ruim. Foi só mais um que se encerra com um rastro de baldes tombados. E, como troco, recebo de presente um estômago revirado pelos excessos, atacado por uma dor incógnita que vem esfaqueando minhas vísceras há tempos e, pelo jeito, acompanhar-me-á para além do reveillon. Muito compreensível e nada injusto.

Mas ventre podre não é nada. Difícil mesmo é ver mais de cem minutos de Anna Karina em Pierrot Le Fou sem passar mal do coração, como tentei fazer agora há pouco pela décima vez.
Quantos anos se passarão até que eu acorde desse sonho masoquista?

2 comentários:

Anônimo disse...

inda bem que cê parou ein, Luís...

Anônimo disse...

ainda bem, markito.