domingo, 24 de dezembro de 2006

Dr. Pinguim
Pedra
Depois de fazer todo o caminho novamente, cheguei, pela terceira vez, naquele maldito corredor. Olhei pras mesmas caras, nas mesmas lojas da entrada. Dessa vez, de traje surrado; pra eles, um playba largado. A chuva garoal dava apreenção aos olhos na busca de poças enquanto seguia cada barulho. Na alameda de entrada daquele cortiço passavam mulheres, crianças, velhos cobradores de buzão na pinguinha do happy hour, tiozinho da pipoca; e, estacionados pelas paredes, malacos tiozinho, malacos piá. Esses na performance de uma pitoresca cara de mal. Todos meio ressabiados, e não há dúvidas de quanto a cortina de fumaça de um cigarro é providencial nesses momentos. Disseram que tinha de ir final, até o beco. Então tá. Chego lá, olho e acho um suspeito. Passo em frente, dou-lhe uma boa olhada e volto fingindo procurar alguém. O que você quer?. Quero um pinguim, sabe quem tem? Mirei muito sério a bola de seus olhos, ele não gostou. Não. Fico um certo tempo parado de decepção. Então sigo meia volta, puto. Foram uns seis passos, acho eu, até ele repensar sobre minha cara de P2. Ô, chega aí! Era a mesma pessoa. De quanto? Cento e sete. Cento e sete? É. Ele sai em busca, eu encosto no pilar do bar e arranco outro careta. Depois de um tempo volta conduzindo o filhote por uma das mãos. O pinguim andava matreiro, com passadas desengonçadas - muito simpático. Paguei, peguei o bixo pela outra mão e ele logo veio andando ao meu lado.
Seguimos juntos e contentes o caminho volta com a chuva já no seu fim.
O pinguim será sacrificado num ritual de tortura e dor,
sendo beliscado até a morte durente três dias seguidos ininterriptamente
no Súplicio de Natal da Confraria dos Beliscadores de Pinguins

Nenhum comentário: